Carta aberta à Ganância.

Esta é a carta de quem já não aguenta ver sofrimento nos olhos dos inocentes que vais matando.

É a carta de quem já não suporta ouvir a palavra "conquistar", quando tudo o que fazes é só e exclusivamente destruir. Destróis vidas e sonhos, destróis futuros e conforto, destróis famílias e a paz.

Ganância, a tua arte de intitular aquilo que entendes por: "luta pelos direitos", não passa de uma hipocrisia desmedida onde tudo o que fazes é provocar o negro da morte, do luto e da raiva. Estás a plantar gerações revoltadas por terem perdido tudo aquilo que tinham, mais tarde irás colher aquilo que mais destilas: o ódio.

O teu dinheiro não vai apagar a tua fome de poder, mas é essa mesma gula que te deixará sem alimento e te fará acabar só, mas não te importas, pois não?

Ganância, nem toda a empatia do mundo vai conseguir limpar o sangue que derramaste. Nem mesmo todo o perdão do mundo te fará sentir em paz, pois ela acabou quando decidiste pôr-te à frente daquilo que é o mais puro e derradeiro sentimento: o amor.

Espero que a dor, gritos e lágrimas que provocas às mães que perdem os seus filhos nos braços, que os corpos despejados em valetas sem possibilidade de despedida, que as crianças que deixas órfãs e os militares que perdem a vida para te representar, nunca te tratem com o desprezo e insignificância que mereces, pois nem mesmo tu, o ser todo poderoso, aguentaria.

Agora, resta-nos esperar que a tua loucura desmedida pelo poder acabe e que, nesse coração, bem pequeno, surja a cor da vida, as gargalhadas das crianças e a compaixão dos que não levaste.

Lembra-te, nada apagará os teus feitos, mesmo que o amor vença o odio. E nada, nem ninguém, te esquecerá, mas também não te celebrará.

Rende-te Ganância.

Daniela Mendes